terça-feira, 1 de novembro de 2011

O dia em que coloquei leite no meu café

      Era uma tarde, assim, quente, como outra qualquer... mas alguma coisa aconteceu e mudou um rumo de tudo. Era para eu estar correndo, para lá e para cá, trabalhando em projeto e cá estava a contemplar uma tarde preguiçosa.
      Depois do almoço, que não foi o grande banquete e dele fui percebendo que seria uma tarde diferente. Primeiro a saladinha gelada e fresca para quem na quentura não queria saber do fogão... Mas aí, meu caro leitor, estava sozinha na casa de meu pai, e sozinho seja na sua casa ou na casa de seus pais, e, principalmente quando se tem a sua própria casa, a preguiça toma de conta.  E preguiçando, tudo se resume a ataques à geladeira.
      E nessa guerra lenta, permitida, dei continuidade ao meu almoço. Dentro de uma cumbuquinha chinesa/asiática mergulhei no sabor de um baião de dois feito com muito carinho de papai, feijão verde e coberto de cheiro-verde. E a carne, Sarah? Juro que não precisava dela e sabia que caso meu médico soubesse, viria com as quatro pedras na mão contra o meu momento vegetariano. Eis que começei a viajar no meu comportamento em minha própria cozinha e fui pormenorizando todos os padrões, seguido de regras. Pesando na balança (que nesta cozinha também tem!) e marinando os pensamentos por alguns muitos minutos...  "O que é que tem eu comer meu baião na cumbuquinha do chinês?"
       Deixei em descanso a massa do pensamento e parti para um banho. Quando dele saí, era hora de trabalhar a massa. Água na chaleira, coador e pó suficiente para um café solitário. Não me dei por satisfeira, queijo prato em fatias no pão integral transformava-se em um queijo quente nada leve assim como meus pensamentos... E então, sentei-me à mesa, café coando e eu pensando em mudanças... Até que depois de anos, pela primeira vez despejei um pingo de leite no meu café... Porque não?
        Confesso que, tudo parecia estranho, tingir meu preto café de marron claro, um mulato quase pálido e prová-lo ainda mais doce. E aí foi a gota d´água, digo, do leite que me fez perceber que na vida é importante uni sabores, abrir mão de outros e transformar a vida tão simples como uma tarde quente e preguiçosa com cheiro de café-com-leite e queijo quente na chapa.



2 comentários:

  1. Sarinha, a vida também é feita disso: misturas.
    Às vezes ela se torna doce de mais, outras vezes falta um tiquinho de pimenta, ou fica ensossa.
    Temos que saber dosar. Saber NOS dosar...
    =)

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